Num belo dia e sol, Lindaura brincava no quintal com outras meninas de sua idade, quando seu pai olhou pela janela e disse:
---Essa menina vai sofrer muito na vida, é bonita demais; mulher assim só atrai coisa ruim...
Lindaura tinha à época dez anos de idade. A mãe, ouvindo as palavras duras do pai, chorou.
Mesmo porque ela já sofria muito nas mãos daquele homem bruto, machista, que só gostava dos cinco filhos homens que com ela tivera. Quando a menina nasceu, ele nem quis olhar.
O tempo passou e todos chamavam a menina de Linda, pois era linda mesmo; com dezesseis anos atraía muito a atenção de todos.
Na escola era boa aluna, mas assediada por muitos, até mesmo pelos professores.
O pai cismava com tudo e batia em Linda por tudo e por gosto mesmo.
Quando, um dia, foi a gota d'água... Ela estava numa festinha de escola, quando o pai chegou de repente, e a viu dançando com um rapaz. Ele foi logo batendo na filha. E chegando em casa a colocou para fora, sem dó e sem motivo algum.
A moça, sem rumo, não achou apoio em ninguém. Acabou, enfim, indo morar em São Paulo. E só com a cara e a coragem. E com pouco dinheiro, precisou comer em um bar. Com sua beleza, chamou a atenção de Zizi, uma mulher que possuía uma casa de prostituição.
Lindaura, ingênua, caiu na lábia da mulher; foi direto para a casa dela. Quando viu onde se metera, não teve muita escolha.
Ao cair da noite, ela se deparou com a dura realidade. A casa foi enchendo de homens, que vinham em busca de sexo, bebida e até drogas.
E como em tudo na vida nada é por acaso, ela conheceu José, um viúvo de quarenta e pouco anos, que vinha uma vez por semana àquele lugar em busca de companhia. Ele era muito tímido e nem sempre ficava com alguém.
Vendo Lindaura, ficou encantado; foi logo pedindo para ficar com ela. Zizi, por sua vez, disse:
---Ah, essa vai custar caro! Ainda é donzela.
Enfim, ele foi para o quarto; Lindaura já estava lá, chorando muito. Contou a José a sua história. O viúvo se apaixonou, disse que poderia tirá-la daquele lugar, se ela quisesse. A moça se entregou a ele com carinho, pois se sentiu segura e protegida. Ele voltou mais algumas vezes e confirmou a proposta; Lindaura aceitou e foi morar com José.
Uma casa simples, mas bem arrumadinha, parecia estar esperando por ela.
Viveram por um ano bem felizes, mas com o tempo ele se mostrou ciumento e violento, talvez pelo fato de tê-la encontrado num lugar de má fama, e por ela ser tão linda.
Quando José saía para trabalhar, Lindaura se trancava em casa e não saía para nada, por ordem de José.
Um dia, sair de casa, José estava bem mal humorado; falou até em sair de casa, pois estava pressentindo algo ruim.
Mesmo assim, foi para o trabalho como sempre; colocou a arma na cintura, pois era Segurança.
Passaram-se algumas horas e a campainha tocou. Era uma vizinha, que estava vendendo produtos de beleza, meias, roupas, enfim.
Lindaura de início não queria atender, mas acabou cedendo. Na verdade não comprou nada, mas experimentou quase tudo. A vizinha comentou:
---Nossa! Você é difícil de comprar, heim! Pelo menos compre uma meia fina, pois essa tua está furada num lugar, atrás da batata da perda esquerda.
Lindaura riu e disse:
---Então tá trocada, pois o furo tava na direita.
A vizinha foi embora sem vender nada; disse, porém, que iria voltar.
Ao cair da noite chega José, ainda bem nervoso e cansado; quase não falou nada e foi ao banheiro. Ao voltar, foi à cozinha e olhou para Lindaura de costas, que fazia o jantar. Foi então que de repente ele viu o furo na meia e se lembrou que era na perna direita... Não disse nada... Voltou ao quarto, pegou a arma e disparou três vezes na mulher.
Sem pedir explicação, ele a matou. Deduziu que ela havia se deitado com outro e que na pressa teria colocado a meia na perna errada.
E como o pai havia dito, ela não seria feliz...
Por isso, devemos pensar bem antes de falar e de agir, pois as palavras têm muita força!
(Baseado em fatos reais).
.... vish....
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