
No dia vinte de agosto de 1.972 nasceu um lindo menino de olhos grandes e azuis, bochechas rosadas, mas com um probleminha que iria lhe trazer muita dor e sofrimento.
Quando a Enfermeira trouxe a criança, a mãe e o pai choraram muito.
O médico foi consultado para saber se teria uma possibilidade de mudar o quadro; teria sim, disse ele, mas haveria um tempo para o bebê suportar a cirurgia, bem como achar um doador compatível.
O menino fez dois anos e fizeram a cirurgia tão desejada.
O tempo foi passando, a criança cresceu, e como todo adolescente ficou bem rebelde. Por mais que os pais fizessem, ficava pior. Brigas, desentendimentos sem motivos às vezes; tudo se transformava em uma tempestade num piscar de olhos.
A mãe era quem mais sofria com as agressões verbais e pirraças constantes.
Quando o menino fez vinte e cinco anos resolveu sair de casa; os pais sofreram muito, pois não sonhavam com isso, mas sim que ele só saísse quando se casasse.
Mas as coisas nem sempre acontecem como a gente sonha.
Com a saída do filho, a mãe, que já não andava bem de saúde, sofria, chorava e orava muito pelo filho querido.
Passaram-se cinco anos e a mãe piorou muito com a doença e o distanciamento do filho, que só aparecia em datas específicas, como natal, páscoa, enfim.
O pai então mandou chamar o filho, que resistiu, achando que não era nada grave.
Se passaram três dias e a situação piorou; o filho foi chamado; o pai disse com voz embargada:
---Venha ver sua mãe antes que seja tarde, nem que seja pela última vez; ela só quer se despedir.
Com o choque, o filho veio com o coração apertado.
Ao chegar já encontrou a mãe sem vida; ele chorou, mas o coração ainda estava bem endurecido.
No velório ficou ao lado do pai, recebendo as condolências, mas sempre distante, como se quisesse se livrar logo de tudo e voltar para sua vida na cidade.
Chegando a hora de sepultar, o pai e os demais fizeram uma oração, e chegaram bem perto para o adeus final; quando chegou a vez do filho, ele se aproximou para dar um beijo na mãe... De repente teve um choque profundo... Olhou atentamente e viu que sua mãe não tinha orelhas!
Caiu de joelhos e em prantos, chorava e gritava por perdão.
Ele nasceu sem orelhas e não havia doador compatível; a mãe, como não aguentava ver o sofrimento do filho, doou as orelhas com o todo amor.
Ela cobria com o cabelo, sempre preso, e quase ninguém soube.
O filho se arrependeu de tudo que fez com a mãe, mas infelizmente já era tarde; ela não estava mais aqui...
Abraçou o pai e suplicava por perdão. Mas só Jesus pode perdoar.
(Baseado em fatos reais, retirado da Revista Seara).
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