domingo, 21 de abril de 2013

UM OLHAR SOB A JANELA

           Um casal já estava casado há 35 anos; no início com muito amor, compreensão, harmonia e cumplicidade, mas com o passar dos anos a maioria das pessoas mudam, uns para melhor, outros para pior, infelizmente.
            O marido, mais sereno e compreensivo, sempre tentava contornar as dificuldades que apareciam durante o decorrer dos anos de união. Talvez por isso tenha durado tanto.
            Um dia a mulher acordou bem nervosa e começou a reclamar de tudo. O marido, lendo jornal, só respondia “ah, ah”, ou “sim, querida, tem razão, meu amor”.
            Mas isso a irritava mais ainda, e assim o tempo passava.
            Um dia se mudou uma família para a casa ao lado, e isso foi motivo de reclamações por dias e dias. Tomara que não tenham filhos, dizia ela; criança faz muita bagunça e barulho. Tomara que não tenham cachorros, são perigosos e fazem muita sujeira. E assim ela passava o dia falando e criticando a vida alheia.
            A vizinha lavava suas roupas aos sábados, e como de costume a mulher ficava reparando em tudo e pondo defeito. Dizia: nossa, que lençóis encardidos; será que não tem vergonha de colocar isso no varal? Se eu tivesse amizade com ela, iria ensiná-la a lavar roupas direito.
            E assim fazia sempre. Um dia ela olhou pela janela e disse: nossa, até que enfim a vizinha tomou vergonha e aprendeu a lavar roupas.
            “Venha ver, marido, como os lençóis dela estão branquinhos”.
            E o marido, abaixando o jornal, disse: “Não, meu amor; hoje levantei bem cedo e lavei as nossas janelas”.
            Ela ficou sem graça e envergonhada. 
            Por isso devemos limpar nossas janelas para ver melhor, antes de falar da vida alheia.

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